a previsão prefere nem indicar, mas a verdade do dia são uns 58° na sombra da madrugada. e pouco importa se é outono; a biosfera anda toda fodida [uóps!] e amalucada mesmo. temperaturas normais da estação é que seriam coisa estranha. e a culpa? culpa minha, tua, de todos. especialmente dos estaúdos úniudos. sim, eles são culpadões, sempre são.
temo, porém, que julgamentos de quem transformou um belo planetinha cheio de bichinhos e plantinhas e riachos em um tumor maligno, purulento e fétido não venham ao caso. o que enalteço é que o calor mexe com a gente. transforma pressão normal em picos de sub-zero, mentes geniais em letárgicas e preguiçosas e as melhores intenções se esvaem no suor que escorre pelo sofá em que só se deseja atirar-se.
mas ao invés de me jogar no sofá, preferi escrever. como se as palavras fossem o suor que não deixo meus poros expelirem. notas do calor, é o nome. e se você espera coisa boa, azar o seu.
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não tenho cabelos lisos. são ondulados, rebeldes, cheios daquilo que chamam de frizz nas embalagens de xampús. hoje em dia, eu não me importo nem um pouquinho. é meu cabelo. meu e assim e ponto. mas confesso que, assim como 93,37% das mulheres (média puramente empírica) já me empenhei em alisá-los, diária e rotineiramente. e aí, meu bem, vai de ferro à vapor, chapinha, cremarada e coragem. muita dela.
e olha que nem condeno a mania de perseguição por fios esquálidos. só que morrer em um alisamento progressivo é foda. pra não dizer patético e ser maldosa de uma vez. vaidade tem limite no bom-senso. e, segundo esse, encher a cabeça de amônia e formol é l-o-u-c-u-r-a. sei lá, pelo menos eu e meu parco senso de realidade achamos.
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lembra do henry sobel? o rabino que falava estranho e rendia algumas gargalhadas das almas menos puras feito a minha? poizé, o cara foi dar vexame lá em palm beach, na terrinha do tio sam. o rabino foi pego roubando gravatas nas lojinhas szúper chiques e descoladas [huh!] da louis vitton, da gucci e da giorgio armani. após seus furtos foi preso e encaminhado à cadeia da cidade. mas os acessos de deliqüência do bom rapaz judeu renderam só uma noitada no xilindró e, no outro dia, ele foi solto após pagar US$ 3.000 de fiança e US$ 680 referente às gravatas roubadas.
pô! mas até os rabinos! vai por mim que a coisarada têm mais jeito não. daqui pra frente, meu bem, é só ladeira abaixo.
(fonte: site Folha de São Paulo)
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falando pessoalmente, até gosto de fazer mudanças. levantar o cortiço e encaixotar toda quinquilharia, tralharada e afins proporciona uns bons vinte minutos de diversão e reminiscências. especialmente: as reminiscências.
se eu pudesse, levava a melhor coisa da planaltense pêéfê, que é o pôr-do-sol. são poentes de aquarela, multicolores. às vezes até parece que o céu se manchou de sangue e fogo por alguns instantes, até que a noite escura e estranha caia. pena que não cabe na mala. nem em caixa de bolachas que me serve de bagageiro, nem nas minhas malas de sacoleira paraguaya. sendo assim, fico eu com as minhas poucas coisas. umas xícaras, uns livros, alguns papéis e bem poucas roupas. só o imprescindível.
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falando mais pessoalmente ainda, também deveria levar umas pessoinhas dentro das caixolas de papelão. umas poucas. e boas. mesmo as que estão longe. engano-me, provavelmente as especias distantes em potencial - ou as de quem me distanciarei agora - é que deveriam, mais que tudo, estarem na bagagem. condensá-las em garrafinhas vazias de uísque é uma boa idéia, e das mais poéticas.
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tire o papa's do mama's e fique só com uma das moças e você ainda terá som de qualidade. mama cass elliot, a mais gordinha. voz gutural, que toca aquela parte do espírito que a gente acha que nem têm mais. make your own kind of music já funciona pra te fazer cantarolar pela casa, sorrir macio e acreditar que, em algum canto desconhecido ou macega intocada, ainda existem um pouco de beleza bucólica, riso espontâneo e diversão no sentido mais puro da palavra. dream a little dream of me, vai por mim que é bom.
nobody can tell ya,
there's only one song worth singing,
they may try and sell ya,
cause it hangs them up to see someone like you
but you've gotta make your own kind of music,
sing your own special song,
even if nobody else sing along.
[...]
[make your own kind of music - barry mann and cynthia weil]
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