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ser mulher é das tarefas mais difíceis. há de se ter culhões - metafóricos, deixemos claro - pra sobreviver nesse império decadente construído pelos viris varões. são leis, doutrinas, dogmas culturais a formar o montante sexista [pra não ser clara e usar o termo machista de uma vez] que impede o tráfego da harmonia entre gêneros.
antigamente, daqueles parcos agrupados sociais à simétrica arquitetura grego-romana, o pessoal era muito mais esperto. sabia-se, senão venerar a mulher, colocá-la na devida posição merecida. era de senso comum o apreço à iniqüidade dos gêneros. e dessa forma, as melhores características de ambos os sexos eram aproveitadas. tornou-se possível obter o pensamento estratégico, o físico imponente e a disposição para serviços, digamos, ...pesados da ala masculina e, ao mesmo tempo, a candura, o senso de justiça, a organização, a sensibilidade e a empatia das melhores fêmeas.
já fui feminista ferrenha. daquelas que rosnam grrrrrl. senão do tipo que bate cartão no ponto antiquado, do tipo que se engaja nas batalhas mais inúteis, mais estúpidas. ainda ingênua, eu bradava contra as diferenças e diferenciações. se qualquer brutamontes de duzentos quilos falasse em queda de braço eu empinava o nariz e propunha batalha. até disfarçava a cara de dor na luta manual. (ainda que o bom moço não utilizasse de toda a sua força, doía mesmo) . só um pingo de experiência serviu pra me mostrar que as diferenças são o limite. o ponto de onde não se ultrapassa. as iniqüidades são exatamente onde reside a patologia a ser tratada. se homens e mulheres têm lá suas habilidades e fraquezas peculiares, o que se pode fazer é aprimorá-las e extinguí-las de maneira distinta para cada gênero.
se alguma mocidade já me fez gritar em mutismo as camelices iradas, hoje ando otimista. mesmo que o ideal em termos [in]diferenciação de gêneros ainda esteja longe no horizonte, ao menos alguns passos já foram dados. projetos, ongs e as empreitadas de repasse de conhecimento a todas as mulheres são um pouco da realidade necessária que já figura nestas terras. é um começo. se esse mundico ainda tem jeito, ao menos em partes começa a sua caminhada tímida à resolução.
e que se é pra ser realista, não há como omitir em minhas palavras os verdadeiros quadrúpedes que cavalgam sem cela por aí. eles espreitam nas beiradas e gritam obscenidades patéticas para tentar vislumbrar a verdadeira masculinidade de que não foram contemplados. não podem - verdade eles não conseguem – ultrapassar o lugar comum a que foram submetidos. como se houvessem sido transportados magicamente de uma baixa idade média, do tempo em que pairavam todas as sombras da ignorância. sim, eles não escapam à nossa visão. em contrapartida - e pra mostrar que nem sou mais extremista - há também bons exemplares que escapam ao cliché de agregados de testosterona. ainda no mesmo acesso de contentamento otimista que me circunda, ouso falar que eles estão por aí. porque a existência de bons ou maus, mocinhos e vilões não depende de nada. nem de classe, nem de raça, nem de opção sexual. muito menos de gênero.
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1 comment:
Pronto!
Só falta falar que vai parar de beber agora.
rs
amo
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